Pavilhão de Portugal na Expo/98
Ano 1997
Materiais Bronze e vidro
Dimensões 90X60mm
Local
A peça é uma medalha objecto e não uma medalha tradicional. Pensou-se que seria uma boa oportunidade para, utilizando forma e processos tradicionais, ilustrar o tema os oceanos e a viagem, através de uma peça em que se procurou projectar para lá da tradição da medalha, verso anverso.
O objecto, constituído por quatro peças, é composto em três elementos independentes, duas cunhadas com um circulo de vidro intermédio, aglotinados num só, sustentados por outro, uma calote de maior dimensão e que lhe serve de suporte; em termos oficinais será necessário realizar seis cunhos para possibilitar estampar seis faces. O método e processo utilizado e os cunhos, dariam para cunhar três medalhas das habituais.
A calote, que nos cabe na mão, pode ser um mundo aberto, cortado como um fruto que se mostra para o podermos mergulhar e que como no poema de Gedeão "... pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança".
Uma espécie de sandwich de vidro e mar, composta, na face posterior, pela evocação da vela, da viagem e do conhecimento náutico, acenta e sustém-se na face da calota; como o atracar dos barcos na marina ou no cais, ou ainda os cabos que prendem navios e orientam a navegação pelas velas, é o cordão umbilical dos povos marinheiros à terra gémea, e encaixa, amovível, na calote, como a charneira temporal que marca, agora, a Expo 98.
No meio por uma placa circular de vidro que simboliza o oceano cuja transparência deixa ler traços, possíveis directrizes de travessias, e, na face anterior o promontório do sonho, da utopia, onde projectàmos o querer, a intenção e o salto no desconhecido.; gravado, semi escondido na superfície poeirenta do planalto, uma evocação do astrolábio determina a direcção das rotas que cortam o oceano desde a costa.
O corte que atravessa verticalmente a peça, espécie de fatia ausente na calote, permite, associada à forma côncava da face que suporta o vidro, a penetração da luz e consequente acentuação da transparência pretendida. Simula também o mito e os medos das profundezas e do abismo.
Esta postura perante o aspecto formal e o conceito, prende-se com o desafio que é sempre a realização de uma peça de escultura e revê-se no desafio que impõe a própria exposição mundial, a pesquisa e o conhecimento do oceano e a epopeia que também é o descobrimento do mar, tanto na época quinhentista como na actual que nos espreita neste limiar do futuro. Carlos Marques Nov 97