Por uma fresta perscrutamos aquilo que muitas vezes nos inquieta
Ano 2003
Materiais Granito
Dimensões 300X200X140cm
Por uma fresta perscrutamos aquilo que muitas vezes nos inquieta; olhando o horizonte, por essa vigia, estamos alerta.
Foi do alto do Castelo, onde se avista quase tudo, que encontrei o ponto de partida que Pinhel me ofereceu para realizar uma peça que persegue os valores formais e conceptuais que ultimamente mais tenho percorrido - Os espaços de tangência, as zonas de fronteira.
Blocos de granito que quase se beijam e revelam o interior de um espaço tangente, nulo, mas também comum; comum porque potenciando a possibilidade de estabelecer o contacto dos blocos pertence, quase por osmose e de uma forma poética, a cada um deles.
Alinhamentos construindo passagens estreitas que nos permitem uma viagem pelo interior da pedra e por onde se espreita a próxima fonteira.
É o espaço nulo onde, paradoxalmente, tudo se passa, onde fervilham hipóteses de composição e se decide a interdependência na relação dos blocos.
São os espaços, frestas, de fronteira, que definem habitáculos de passagem.
As pedras, neste caso, são apenas o suporte que desenha os espaços essenciais e imprescindíveis neste processo de relacionamento.
A busca do que se passa nesse espaço real, tão palpável como inexistente, é o objectivo último de todo o meu trabalho.